sexta-feira, 6 de julho de 2007

Sonhos no varal. Porto das Núvens Julho de 2007.


Com um pouco de calma, quem sabe, é possível ver clareza nas coisas.
Nas coisas claras de Clara, que dança uma valsa entre as roupas estendidas no varal. Uma reverência ao terno velho que já vai ao terceiro ou quarto carnaval e um rodopio majestoso entre o vestido florido e a toalha de mesa.
Pois tudo é Clareza. Até o par de meias encardido do uso ou desuso se faz alvo, contrastando com a cinza do dia e das quartas-feiras.
E Clara, com seus claros e escuros, segue o bloco imaginário despida de fantasias. Entre a multidão de roupas estendidas quer ser a mesma, sem paetês, lantejoulada de breu,
alegoria de tardes inteiras.
Até findar o cordão.


"Angústia, solidão
Um triste adeus em cada mão
Lá vai meu bloco vai
Só desse jeito é que ele sai
Na frente sigo eu
Levo o estandarte de um amor
Do amor que se perdeu num carnaval
Lá vai o bloco e lá vou eu também
Mais uma vez sem ter ninguém
No sábado, domingo, segunda
E terça-feira...
E quarta-feira vem o ano inteiro
É sempre assim
Por isso quando eu passar
Batam palmas pra mim"