domingo, 30 de outubro de 2005

15 minutos

Sentia a pequena cápsula rompendo-se no seu estomago. O pó branco dispersava-se e misturava-se com seus líquidos. Entrou no sangue e por meio desse chegou à cabeça que já não funcionava tão bem. Assim, em seqüência lógica, também cansavam-se os braços, os olhos e os lábios. Os lábios: entreabertos pareciam querer soltar alguma palavra medíocre...Talvez “desculpas”...Talvez “não me arrependo”...Talvez nem quisesse dizer nada! Mas não queria chorar e era tão certa essa sua vontade que limparia as lágrimas se ainda sentisse as mãos.Longe dali, agora. Sabia que não seria fácil voltar agora mesmo ainda estando ali.

Quantos minutos perderia pensando em quantos minutos perdera por não estar aqui?Perdeu mais alguns minutos pensando em quantos minutos perdera com tantas outras coisas.

Pela primeira vez não sentiu o relógio no braço: Teria se livrado das algemas do tempo? Não! Ele sentia o relógio no braço. Mas não sentia o braço no relógio.

Sabia. Eram seus 15 minutos de liberdade diária. E desde então descobriu que a única coisa que lhe privava dessa tal liberdade era ele mesmo. Precisava livrar-se do homem que era (do homem que não era e até do homem com que sonharam em ser). Restavam que ainda 7 minutos e se achou demasiado estranho em acreditar que se livrando do homem que era seria livre. Corria contra os outros que buscavam sempre encontrar a si para ser livre.

4 minutos. O tempo psicológico era tão diferente dos minutos mecânicos. Quando mergulhava em si dessa forma sempre parecia gastar apenas alguns segundos e nesse pensamento perdera mais 2 minutos.

Voltou a sentir as pontas dos dedos, os olhos, os lábios. E perdeu seu último minuto pensando no porquê de nunca sentir o umbigo.
De volta.Calçou os chinelos, pegou a mochila e saiu atrás do homem que os outros queriam que ele fosse.



_____________



Não gostei. Mas eu precisava tirar o blog do Hiatus!

terça-feira, 25 de outubro de 2005

=~

Oito Anos

Adriana Calcanhotto

Por que você é Flamengo
E meu pai Botafogo
O que significa
"Impávido colosso"?

Por que os ossos doem
enquanto a gente dorme
Por que os dentes caem
Por onde os filhos saem

Por que os dedos murcham
quando estou no banho
Por que as ruas enchem
quando está chovendo

Quanto é mil trilhões
vezes infinito
Quem é Jesus Cristo
Onde estão meus primos

Well, well, well
Gabriel...

Por que o fogo queima
Por que a lua é branca
Por que a terra roda
Por que deitar agora

Por que as cobras matam
Por que o vidro embaça
Por que você se pinta
Por que o tempo passa

Por que que a gente espirra
Por que as unhas crescem
Por que o sangue corre
Por que que a gente morre

Do que é feita a nuvem
Do que é feita a neve
Como é que se escreve
Réveillon

Well, well, well
Gabriel...


__________


Não tem jeito, até com pseudonimo ela sabe me pegar! :/

sábado, 22 de outubro de 2005

tédio pré-dominical

sumisso. sim! e um poema interrompido. talvez até uam garota interrompida! Tá tudo muito corrido e meu diafragma está exausto e pedindo um cigarro que nunca pediu antes. O meu fígado pedindo alcool e meu corpo pedindo gente. Nos fotologs do sábado a noite todo mundo parece viver mais.
Essa cidade parece tão vazia! e diabos, e a minha vida também! Não vejo mais graça em viver com a bunda no passado e a cabeça no amanhã que já é hoje.

Quem dera eu morrer como José Arcadio Buendia. Amarrem-me e usem para tanto uma corda de palavras.

domingo, 2 de outubro de 2005

não vou chora. Não vou cortar os cabelos e não vou passar a narvalha no pescoço. Nem mesmo minha pele de foca eu vou vestir. Não vou ajustar o relógio, não vou mudar o telefone.
Os domingos vão continuar no calendário, o telefone vai continuar mudo e a menina vão continuar reclamando. E que diferença faz? :)
Eu passo de um lado da rua
o tempo passa do outro.
ele está de mal de mim...Talvez porque eu esteja andando no sentido anti-horário. =)

Alguém tem um band-aid ai?

Haicai
Hai Cair
Vai Cair
(no clichê)

Puft! :P~

E de que clichê eu não gosto, meu deus? Até em amor eu acredito! [._.]'