A Torre de Babel, por Pieter Brueghel
Eu sou um aquário. Todos somos aquários. Os peixes saltam para fora de mim e debatem-se no chão. Através de suas águas turvas os outros me dizem: Oh, que balé maravilhoso!
Mas para mim não há balé: é só mais um peixe que se debate, asfixia e morre, sem cumprir o papel que lhe foi destinado. Sem dizer o que eu exigi que dissesse. Eles, peixes-palavras, não me obedecem. Mas os amo e não quero que morram. Então os deixo aqui dentro, debatendo-se, reproduzindo-se e me dando a constante sensação de que há algo preso em minha garganta.
Um comentário:
"Tenho meditado e sofrido
irmanada com esse corpo e seu aquático jazigo, pensando..."
Vou repetir o que disse naquele dia: Que coisa mais linda, Lara.
Lindo, lindo demais.
Postar um comentário